quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Terras do Xisto 2006 - Prólogo (Dia 0)

No rescaldo da digressão nanikiana pelas terras do xisto, vai ser publicado aqui o diário de viagem mantido por mim e pelo Rui (como não tenho cá quase nada dele vou esperar que ele escreva aqui). Sem mais demoras portanto, o prólogo para a viagem.

21 de Agosto de 2006 - Dia 0
E eis que dos escombros da (megalómana para uns, realizável para outros) Operação Marrocos nasce esta viagem pelas terras do xisto. Depois de muitas semanas de planeamento chega o dia D. Um dia que ficará guardado nas nossas memórias, por boas ou más razões o tempo decidirá.
A missão: completar com sucesso a visita às 23 aldeias do xisto situadas bem no centro de Portugal, vivendo como há 50 anos atrás (obviamente dentro dos possíveis), razão pela qual chegou a ser apelidada de rota dos "Antigos".
O transporte: um Suzuki Ignis 1.3 2WD com 5 anos e 62 mil quilómetros, companheiro inseparável de viagem.
A bagagem: alguma roupa; marmita composta de pão, queijo, chouriço e presunto; sacos cama para dormir na rua.
A equipa: a equipa que realizará esta difícil tarefa será composta por cinco elementos, tal como os dedos de uma mão firme ou disfuncional. Marquito, o geógrafo. Cai sobre ele a responsabilidade da idade (o ancião do grupo) e também a orientação nas terras inexploradas do xisto. Qualquer desorientação do grupo ou atrasos no programa serão da responsabilidade deste senhor. Rui, o comunicador. Como é lógico, ao visitarmos alguns dos locais mais recônditos do planeta faz sentido levarmos um perito na comunicação, pois certamente a barreira da linguagem linguística que nos separa destes povos não será facilmente ultrapassável. Manolo e Bio, os desportistas. Homens atléticos, capazes de desafiar qualquer barreira natural ou humana, serã eles os principais carregadores de piano do grupo. Finalmente chegamos a mim, cujas qualificações recaem em zonas longe das que necessitaremos. Como se pensará, e correctamente, não faz muito sentido usar "skills" informáticas no meio do mato onde vivem povos que enchem colchões com palha. Assim sendo as minhas funções cairão sobretudo no campo da fotoreportagem dos acontecimentos.
As mãos tremem-me e o suor escorre pela testa. Sei que durante a próxima semana a civilização tal como a conheço será uma miragem e terei que me adaptar à vida selvagem tal como um ponta de lança brasileiro se adapta ao futebol português. Certamente haverá muitas histórias para contar nos próximos dias (e noites), que ficarão registados neste bloco de notas, histórias sobre novas pessoas, lugares e culturas perdidas no centro de Portugal.
A noite começa a cair. A mala está quase pronta. A hora da partida aproxima-se...

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