quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Há um fantasma à solta no blog dos nanikos!

Eu que não acreditava fiquei todo arrepiado!!

Temos que contratar os velhinhos :

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Remember...


Comecem já a planear as próximas férias de verão... falou-se na rota das aldeias históricas.. será mm isso que querem? aceitam-se sugestões..
Quanto mais povo melhor!

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Fim de ano...

"ah e tal.. para o ano vai ser uma cena em grande.."
Chegados a altura.... sugestões?

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Post nº100 - Relembrar o JN

É verdade chegámos ao post nº100 no blog. Não tenho nada para assinalar senão que espero o nº200 para breve. No entanto o que me levou a vir para aqui escrever e depois constatar que estava a escrever um bocado de história foi o facto de me lembrar de uma publicação antiga, circa 2002, chamada Jornal dos Nanikos (JN). Lembro-me que esta gloriosa publicação teve pelo menos 2 ou 3 meses de vida, mas não encontro nenhum exemplar na minha casa...alguém tem algum exemplar ou se lembra de mais detalhes do JN?

domingo, 5 de novembro de 2006

A verdadeira história de Marrusso: Capítulo 7

Obrigar-me-ia a levantar para ver a indecência, mas era a última coisa que me apetecia fazer. Não queria acreditar, a minha cabeça imaginava o que as palavras não ousam descrever. Bebi um valente trago de whisky. O whisky era mau. Whisky destilado do cú da garrafa. Comecei a ter calafrios, uma vontade impossível de sacudir todo o corpo como um burro quando sacode as orelhas. Fiquei ali, entre whisky barato e as conquistas territoriais de Marrusso e Joana. Finalmente, ela despiu-se. Parcialmente. A carne pálida de Joana transbordou da camisa e o seio esquerdo foi o primeiro a topar-me. Olhei para a teta com indulgência. Marrusso também. Depois teve um frémito de confiança. Queria ser um valente Don Juan e arrancar tudo à bruta. Mas tinha medo da reprovação de Joana. Começou a sentir nojo de si próprio. Afinal Marrusso tinha uma namorada, uma etiqueta, uma boa família e uma esmerada educação. Amor louco, sim, mas com limites. Joana não queria portagens. Nem sequer deixou as meias ou as botas de Inverno que a avozinha lhe oferecera. A Joana não lia as revistas da moda, inventara a sua própria moda. Marusso não parava de beijá-la, mil vezes, sem parar, no pescoço enquanto desapertava os botões; depois, roçava o nariz como um tolo esquimó enquanto assobiava uma música de Chet Baker. A minha presença não anulava a intimidade dos miúdos. Incrível. Marrusso parecia um daqueles marujos dinamarqueses que regressam do mar para apanhar morangos; Joana, a milady do Dartacão. Se for um filho-da-puta talvez tenha mais sorte, cogitou Marrusso. Não hesitou. Defronte do Sopas, onde há um cheiro sensacional a tubo de escape, num jipe topo de gama, Marrusso premiu o acelerador biológico bem a fundo e um éter perfumado tomou conta do ar, enrolando-se com o meu café fumegante. O Sr. Joaquim desligava as luzes. Está na hora, ó Mário. O Sr. Joaquim tinha o bigode húmido dos beijos da Dona Odília. 2 da manhã. A morte de cinderela foram os beijos fora de horas. Levantei-me para me sentar noutro sítio. Apenas a perspectiva mudou, a feira de Marrusso e Joana continuava. Os peitos tocavam-se, o que me cegava a visão dos seios de Joana, bem escondidos nos pêlos loiros e atrincheirados de Marrusso. A espada medieval estava lá, bem plantada, a espada que fora a lei de um namoro que só quisera conservar as aparências. Marrusso sabia que já não precisava de causar boa impressão. A Joana era bonita. Além do mais, era sua amante. Não havia lugar para mais ninguém. Mais ninguém cabia naquele jipe. Nem shivas, nem ratos Miccolli. Marrusso sentia-se livre de obrigações e jovem. Joana encontrara a sua alma gémea, um botão pronto a dar flor. Pela cara de satisfação de Joana, deduzi que abaixo da cintura de Marrusso havia tesouros de ternura. A noite escura caiu. Adormeci na relva do sopas, ao lado da Maria e do Cenourinha. Quando voltei a acordar, Joana desaparecera. Marrusso estava sozinho e o Sol dava a primeira luz da sua graça. Uma míuda aproximou-se. Caminhava com a cadência de um eléctrico na baixa pombalina, tinha óculos e uns lábios grossos marcados pelo sentimentalismo do hábito. Não cheirava a hortelã. Não havia candura. Não era Joana. Entrou no Jipe e beijou Marrusso. Marrusso deitou-se no banco de trás como um pastor alemão fatigado. A miúda abraçou o volante e zarpou. Os dias de felicidade de Marrusso apenas acabavam de começar…

P.S.: No capítulo seguinte, Marrusso viola uma galinha, perturbando a paz pública nas quintas de São José.

sábado, 4 de novembro de 2006

Vinho tinto e dietas

Numa altura que o fast food domina a sociedade ocidental e a próxima geração já tem 10% de obesos fica aqui parte de um artigo publicado no New York Times de 2 de Novembro.

"Can you have your cake and eat it? Is there a free lunch after all, red wine included? Researchers at the Harvard Medical School and the National Institute on Aging report that a natural substance found in red wine, known as resveratrol, offsets the bad effects of a high-calorie diet in mice and significantly extends their lifespan.
Their report, published electronically yesterday in Nature, implies that very large daily doses of resveratrol could offset the unhealthy, high-calorie diet thought to underlie the rising toll of obesity in the United States and elsewhere, if people respond to the drug as mice do.
Resveratrol is found in the skin of grapes and in red wine and is conjectured to be a partial explanation for the French paradox, the puzzling fact that people in France enjoy a high-fat diet yet suffer less heart disease than Americans.
The researchers fed one group of mice a diet in which 60 percent of calories came from fat. The diet started when the mice, all males, were a year old, which is middle-aged in mouse terms. As expected, the mice soon developed signs of impending diabetes, with grossly enlarged livers, and started to die much sooner than mice fed a standard diet.
Another group of mice was fed the identical high-fat diet but with a large daily dose of resveratrol (far larger than a human could get from drinking wine). The resveratrol did not stop them from putting on weight and growing as tubby as the other fat-eating mice. But it averted the high levels of glucose and insulin in the bloodstream, which are warning signs of diabetes, and it kept the mice’s livers at normal size.
Even more striking, the substance sharply extended the mice’s lifetimes. Those fed resveratrol along with the high- fat diet died many months later than the mice on high fat alone, and at the same rate as mice on a standard healthy diet. They had all the pleasures of gluttony but paid none of the price."

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Xico Xico sofre da doença poeta diabolicus

Xico Xico, jovem nanikiano de 22 anos, sofre de uma doença rara conhecida na comunidade científica por "poeta diabolicus". Foi o pai, Francisco Elias, médico no Hospital do Fundão, quem diagnosticou na quarta-feira a enfermidade do filho.

Há duas semanas atrás manifestaram-se os primeiros sintomas do "poeta diabolicus" no jovem. Todas as madrugadas, Xico Xico começava a recitar a partir da sua cama poemas românticos, evoluindo posteriormente para os modernistas. Contudo, este comportamento bizarro não preocupou nenhum dos familiares. “A princípio pensávamos que fosse apenas uma brincadeira”, contou o pai com uma voz pesarosa. E concluiu: “A poesia até nem era de muito má qualidade e enchia a casa de alegria”.

Foi apenas na segunda semana que a família compreendeu que se tratava de algo bem mais grave do que um simples devaneio. “Quando começou a declamar poesia mística percebi que se passava alguma coisa de estranho”, contou a irmã, Catarina Elias, cujas olheiras denunciam noites muito mal dormidas. Frases obscuras como “fogueiras de pautas de música que aquecem a noite, cortam os lábios, queimam os olhos, agoniam os ventos inquietos” ou o “padeiro faz da farinha pão e as mães não tardam da água chá”, perturbaram o sossego familiar. “O meu filho tornou-se incomunicável”, queixou-se a mãe. “A nossa cadela uivava de uma forma arrepiante sempre que o ouvia declamar aqueles versos estranhíssimos a altas horas da madrugada”, contou. Perante indícios tão perturbantes, Francisco Elias auscultou o filho, concluindo de imediato que os seus sintomas correspondiam aos do "poeta diabolicus".

A doença foi diagnosticada pela primeira vez no século XVIII em alguns monges beneditinos que viviam no convento de Poitiers (França). Os sintomas são uma vontade compulsiva de recitar poesia ou frases delirantes sem nexo aparente. Contudo, apesar de desagradável, o "poeta diabolicus" não é mortal. O nome deve-se à crendice popular, pois acreditava-se que as suas vítimas eram possuídas por um espírito maligno que as obrigava a declamar permanentemente poesia ininteligível e de má qualidade. Pela sua raridade, não tem cura. “Seria quase uma bizantinice estar a dispensar recursos materiais e humanos para investigar o "poeta diabolicus", explicou Luís Lobo, Presidente da Associação Médica da Região Centro do País à Beira Mar Plantado (AMRCPBMP).

Neste momento Xico Xico encontra-se em observação no Hospital do Fundão. Mais do que descobrir a cura, a principal missão dos médicos passa por fazer compreender ao jovem a máxima poeta nascitur, non fit (“os poetas nascem, não se fazem”).