domingo, 24 de setembro de 2006

A Era da Orgia Fragmentada

A Era da Orgia Fragmentada

Um convite. Aceita-se a promessa do prazer.
Houve-se o swing despercebido na doce melodia do instante.
As mãos suam, as orelhas aquecem o peito rebenta.
O galo rompe o silêncio a vaca vira porca.
Há mercê da sede passeia-se nos corpos fundos de fungos,
onde os segredos crescem sobre formas geométricas.
O consolo torna-se em folhas de Outono - descoloradas e quebradiças.
A cidade suspensa desaba como um “pum”, ficando um cheiro nauseabundo.
A orgia é dos ovinos com caprinos,
a chocalharem entre si na calçada ao som de um compasso a três tempos.
Fogueiras de pautas de música que aquecem a noite,
cortam os lábios, queimam os olhos, agoniam os ventos inquietos.
Os animais salivam.
Vem aí mais um fragmento
Quem é?
Sou eu - responde a Cabra.

3 comentários:

Shiva disse...

Entraste numa fase místico-poética? Acho que o retiro espiritual de um mês e os sudokus terapêuticos aprisionaram o teu espírito numa transcendência inalcançável ao comum dos mortais.
A partir de agora és Xico Xico "O Místico".
P.S.: Quando é que escreves "O Código de Xico Xico?"

Joao Martinho disse...

É de facto um surto curioso de dissertações e lirismo que assola o mundo nanikiano de tal forma que as suas fundações tremem. Ao ler os poemas do Xico não posso deixar de pensar no vazio que se cria na alma humana quando a sobriedade se torna rainha e senhora.
Acho bem que se cultivem estes tópicos pois como todos sabemos é no auje da euforia alcoólico-recreativa que os grandes mestres formam as artes do nosso contentamento ou os pensamentos onde a sociedade moderna tem as suas bases. Ou seja, esta associação deveria fomentar mais o debate sobre temas contemporâneos que nos afligem ou mesmo tópicos sobre os quais simplesmente as opiniões divergem; e de modo a concluir este objectivo com sucesso mais uma vez se deve olhar para o futuro com um garrafão no horizonte, pois somente os ébrios de espírito sobreviverão neste mundo idealmente sóbrio.
Copos ao alto.

Sérgio Leal disse...

Aiiii as metaforas da vida! da porca da vida! amei x^2 :) nem sabes como estes poemas representam o meu estado actual :)
obrigado, muito obrigado mesmo