segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Diário de um Farrapo Mochileiro

Na sequência de tão badaladas noticias relatando um eventual envolvimento da colectividade nanikiana em manobras de índole criminal, todos os sócios de tão prestigiado clube se sentiram ofendidos e mesmo desrespeitados. Na base da revolta não está o conteúdo da acção, mas sim o facto de tentarem remeter os Nanikos ao mesmo nível que um grupo de adolescentes cujo único passatempo passa por vandalizar a “foto de família do Senhor”. Se para estes últimos desfigurar o presépio mais não é que um acto de revolta para com os pais que em vez de um cinto com espinhos lhes deixaram no sapatinho um ipod, para os Nanikos a alteração da disposição das figuras maiores do já referido elenco tratou-se única, e exclusivamente, de uma manifestação cultural, ou se preferirem de uma acção envolvida na nova estratégia de marketing de um dos novos patrocinadores do clube….os presuntos e enchidos Campofrio. Essa foi a única motivação que nos levou, sob a batuta do internacionalmente reconhecido artista plástico Xicoxico, a colocar a vaca (quer queiramos, quer não, a figura principal do presépio) num local de maior visibilidade e destaque.
Contudo, as autoridades responsáveis por impor a ordem e respeito na praça pública, nomeadamente a PJ e GNR, mais uma vez demonstraram uma total falta de sensibilidade artística para com a obra dos Nanikos e decidiram abrir um processo judicial contra os mesmos. Rapidamente a noticia se espalhou e o Tribunal Civil Europeu viu-se obrigado a decretar a prisão preventiva de todos os elementos da equipa como medida de coação.
Apanhados de surpresa os nanikos mais não puderam que acatar a ordem e recolher aos calabouços do estabelecimento prisional do Linhó ficando a aguardar impacientemente por um julgamento que dificilmente poderia ser justo. Face a isto e perante a manifestação de apoio nas ruas de Lisboa, Kuala Lumpur, Sidney, Nova Iorque e Aldeia de Joanes de milhares de aficionados e contando com o apoio de todos os companheiros de cela, delineei um plano de fuga infalível que me levaria a percorrer toda a Europa central em busca de justiça.
Assim, no dia 8 de Janeiro do presente ano dá-se a fuga e com a ajuda de um alto funcionário da CP, hoje sócio honorário dos Nanikos, consegui apanhar um comboio com destino a Madrid. À chegada um grupo de guerrilheiros brasileiro oriundo de uma perigosa favela de São Paulo estava já à minha espera para me ajudar a preparar o meu esconderijo. Átila e Matias são os cérebros do grupo e graças a eles consegui estabelecer contactos com os mais importantes advogados e artistas da capital durante 2 dias. Infelizmente a noticia da minha fuga havia já atravessado o Atlântico e na segunda noite o apartamento onde estávamos escondidos foi invadido por tropas Norte Americanas comandadas por uma feroz General oriunda de San Diego. Felizmente o gang brasileiro tudo fez para me proporcionar uma nova fuga e na manhã seguinte segui em direcção a Bilbao para me encontrar com as mais altas patentes da E.T.A.. Fui recebido num verdadeiro ambiente apoteótico e nas estreitas ruas do Casco Viejo milhares de apoiantes da causa nanikiana gritavam a uma só voz Zarpaie, nome de código com que viajei por vários países europeus. As manifestações de apoio foram de tal ordem interpretadas pelos diversos quadrantes da sociedade basca que em memória dos mártires nanikianos presos no Linhó, a junta de salvação do movimento artístico comandado pelo comandante Xicoxico mandou cobrir com um pano branco todas as caras das estátuas da cidade. Um gesto bonito que jamais será por nós esquecido!




O destino seguinte foi Barcelona e apesar de na Catalunha ter sido carinhosamente recebido por representantes do governo Sul Coreano e Suíço, que tudo fizeram para me manter não identificável, o raio de acção do Sr. Bernard (chefe de estado Suíço) não incluía a policia militar espanhola e rapidamente o cerco começou a apertar pelo que ao fim de 2 noites tive que deixar o país de “nuestros hermanos”.
O meu plano consagrava uma paragem na mais muçulmana cidade europeia, mas em Marselha corriam já os rumores de que a qualquer momento eu poderia chegar e como tal os meus contactos na Al Qaeda desde cedo me alertaram para tal situação. Era altura de pôr em prática o plano B. Este contemplava uma estadia em Veneza, para reunir novos apoios na esfera asiática e depois então, retomar o rumo em direcção à Eslovénia e à Europa de Leste. Na cidade das gôndolas pude finalmente privar com o presidente da casa dos Nanikos de Osaka, no Japão, que me ajudou a reunir esforços para uma acção de propaganda e mobilização para a causa que me levou a deixar o meu país natal. Hiroshi Okamoto foi de uma utilidade extrema e aquando da minha partida para Ljubljana havia já recebido telefonemas da Máfia Italiana a saudar a nossa luta e a disponibilizar todos os meios de que pudéssemos vir a necessitar. Começava a reunir-se um entusiasmo que superava qualquer tipo de barreira política ou geográfica. Os Nanikos começavam a mostrar porque são idolatrados nos quatro cantos do mundo e juntavam à sua voz o apoio de milhões de jovens fãs seguidores do culto Policarpiano.


Hiroshi Okamoto




A partir daqui toda a minha tarefa estava mais facilitada, pois sabia que caso algo fugisse do meu controle a qualquer momento viria em meu auxílio um grupo de rebeldes curdos ou tão só a família Gandolfini de Palermo. Com esta segurança e com uma logística de categoria incomparável foi-me possível a visita à Eslovénia, à Áustria e à Republica Checa, países que por razões históricas nada têm em comum com Portugal e como tal, locais onde a influência da PJ é menor, o que me permitiria relaxar um pouco e planear coerentemente o meu regresso. Cidades como Ljubljana, Bled, Salzburg, Viena, Praga ou mesmo Brno foram paragens incrivelmente agradáveis e importantes para o alcançar do meu único objectivo…libertar toda a família nanikiana. Contudo, em Brno, e rodeado de portugueses refugiados nessa pátria, fui vítima de uma tentativa de envenenamento quando matava saudades da nossa incomparável cerveja. Ao que pudemos apurar, um ex-membro do KGB, hoje funcionário e agente infiltrado das FIPP, vulgo Forças de Intervenção para a Protecção dos Presépios, chegou mesmo a colocar substâncias alucinogénicas na minha caneca de meio litro, o que me provocou, como devem imaginar uma valente “sarda”. Mas como quem sabe nunca esquece e pleno, ainda, de todas as minhas faculdades recorri ao famoso truque, eternizado pelo mago Sapec, do dedo na garganta e rapidamente me recompus e voltei à pista para brilhar. Nada a que um verdadeiro naniko não esteja já habituado!
Já certo de que toda a opinião pública internacional estava já de braço dado com a minha luta fazia intenção se regressar a casa e matar saudades da nossa invejável culinária, o dever de retribuir aos fãs tudo aquilo que eles, durante estas semanas, haviam dado por nós fez-me passar ainda por Amesterdão e Paris onde tive oportunidade de reencontrar mais um grupo de brasileiros que dominavam por completo o tráfico de droga e gomas de Florianópolis.
O regresso a casa foi já feito no meu habitat natural, rodeado de queijos e chouriças que uma simpática senhora de Pombal fez questão de trazer para festejar o meu regresso. Em suma, foram 3 semanas árduas e de muita luta, mas cujo objectivo máximo foi cumprido…a reunião de um consenso internacional para a libertação dos Nanikos. De tal modo, que durante a minha tournée tive oportunidade de privar com alguns dos mais reputados artistas em cena e igualmente com os directores de alguns dos mais famosos museus de todo o mundo, que tudo fizeram para garantir a exibição da exposição “Dom Policarpo e as Vacas na ribeira” da autoria do artista plástico Xicoxico em locais como o Reina Sofia, o Guggenheim, o Louvre, o Musée d’Orsay, o Oberes Belvedere ou mesmo a Moagem. Escusado será dizer que o contrato assinado entre as partes prevê a exibição da peça composta por todo o presépio (juntamente com o MC a dizer de 10 em 10 segundos “mama aqui oh puta!” à Virgem Maria), bem como das fotos que fizeram o rabo do Bob o ícone máximo dos bares gays em Amesterdão.


Vivam os Nanikos! Viva a liberdade cultural!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

As Origens!!!

Aí está o nosso Embaixador!!! Ao Jerónimo um Bem Haja