quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

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A invasão dos nanicos (01/09/2000)
Hum...! Pela sua cara percebo que você não gostou do título. Calma! Não se assuste! Não sou nenhum bruxo com poderes paranormais e, menos ainda, especialista em espionagem cibernética. O título é feio mesmo! Dá para imaginar sua desaprovação. Para falar a verdade, o título é ridículo. Está ai como um protesto ao modo descuidado com que o assunto foi abordado pela imprensa há algum tempo. Estou falando de Nanotecnologia. Apesar de o prefixo grego "nano" significar pequeno, seu uso no contexto, requer maior cuidado semântico e estético. No jargão técnico falamos normalmente em dispositivos ou sistemas nanoscópicos ou nanométricos, ou ainda mesoscópicos. Falar em sistemas nanicos é profundamente lamentável. É o tipo de coisa que leva o brasileiro a pensar que o português é realmente uma língua pobre, sem charme e não adequada ao sucesso da Nação. Está certo que de sucesso não podemos falar muito, mas certamente não é por conta da língua, ou melhor, pode até ser, também, por conta da língua. O descuido e os abusos dos estrangeirismos, na grande maioria das vezes completamente desnecessários, é vergonhoso. Mas isto já é um outro case. - Opa! Perdão. Eu quis dizer caso.

No presente contexto, nano refere-se ao nanometro (nanômetro seria o instrumento de medida), isto é, a bilionésima parte do metro. Para que se tenha uma idéia do que vem a ser isto, o átomo de Silício (material utilizado na fabricação de componentes eletrônicos, incluindo processadores e memórias) possui um diâmetro de cerca de 0,18 nm (nanometros). Agregado ao prefixo nano temos toda uma família de novas expressões: Nanociência, Nanotecnologia, Sistemas Nanoscópicos, Nanoeletrônica, Nanoestruturas, Nanofabricação e Nanocomputadores, dentre outras cada vez mais difundidas na mídia. Todas referem-se à uma nova e próxima revolução técno-científica. As implicações destas novas nanoestruturas nas mais variadas áreas do conhecimento e, portanto, na sociedade e na economia, estarão certamente muito acima da escala nanométrica. De fato, esta é uma das conquistas mais importantes da ciência nos últimos tempos. Teremos a possibilidade de construir dispositivos e até novos materiais, literalmente manipulando átomos.

Se com a atual microeletrônica (1 micron é igual ao milionésimo do metro) já fomos capazes de tremendas conquistas nos mais variados setores, não é difícil imaginarmos as possibilidades da nanoeletrônica e dos nanocomputadores do futuro, 1000 vezes mais compactos. Mais ainda, os avanços não ficarão apenas por conta do tamanho. Existem outros aspectos muito mais importantes. Por conta de novos materiais e de efeitos quânticos que se manifestam nessas dimensões reduzidas, certamente surgirão novos conceitos e arquiteturas para o processamento de dados. Isto para ficarmos em apenas um, dentre os inúmeros setores a se beneficiarem deste próximo passo. Encheríamos dezenas e dezenas de páginas e precisaríamos descer a um nível técnico bem mais profundo, se pretendêssemos arrolar aqui todas as possibilidades já vislumbradas. Certamente surgirão outras que sequer imaginamos no momento. Mas, por uma questão de coerência com o tema, vou me ater à este nanorelato apenas. Espero que o mesmo seja ao menos uma nanocontribuição ao leitor.

[Cesar Boschetti - Brasil]

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