quinta-feira, 12 de outubro de 2006

A vaca que ri

A vaca que ri mora na minha rua,
Passa a noite a mugir como não houvesse amanhã.
A sua língua lisa e o seu corpo endeusado
Encalha qualquer homem na porta 18.
É o manjar dos deuses dizem eles.
É a vaca mais feliz que alguma vez vi,
No seu rosto um rasgo de satisfação.
A rua virou um curral e os animais estão doidos.
Peregrinação de bovinos e caprinos fazem do curral o éden,
Adão e Eva deliciam-se.
A vaca que dantes tinha sido cobra frigida,
Anseia por se tornar agora numa porca.
Estamos no tempo das vacas magras,
Ser leitão ainda rende, é comer até ao tutano, nem a pele escapa- diz a vaca .
A vaca desaparece e a porca ganha asas,
Guinchos para aqui guinchos para acolá.
O som agora é desconfortante.
Ninguém dorme e os miúdos não têm descanso,
Mão para aqui mão para acolá.
Ninguém sabe o seu nome e não interessa,
Apenas tem de ser uma porca que ri.

3 comentários:

Anónimo disse...

Temos que eleger de entre as pessoas do blog um provedor de poesia para começar a filtrar o (pouco) trigo do (muito) joio que por aqui grassa. Tenho dito.

Marco disse...

eu acho que podemos criar o blog www.acasadebanhodoxico.blogspot.com
que tal? :P

Sérgio Leal disse...

quem nao gosta nao precisa ler...
ja fica filtrado...