terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Carnaval no planeta Fundão 09 - Festa A.23

Já íamos a sair da galáxia quando o meu sócio no crime me lembrou de que não tínhamos o combustível necessário à viagem para distribuir felicidade ao Universo. Salvos no último minuto por um distribuidor generoso ainda conseguimos juntar cerca de 20 ou 21 onças que servirão os depósitos da nave. Uma primeira paragem na praia para aproveitar as vistas sobre os corpos desnudados e molhados que habitam tais locais. Apanhamos de viagem mais dois indivíduos retirados da época de todas as revoluções, capazes de nos acompanhar nesta árdua viagem que se aproxima. Entramos então na caverna dos tempos, onde a cada canto dormita uma dimensão diferente e onde neste espaço e neste tempo cohabitaram seres provenientes de muitos mundos. Inicia-se então a jornada das jornadas através do espaço e do tempo para outras dimensões em busca de uma tripulação capaz. Uma curta paragem pelo império caído apenas para perceber que os habitantes que o ali deambulam não estarão ainda preparados para receber esta dádiva do futuro. A máquina rola e os viajantes encontram-se numa dimensão bem mais cinzenta e formal onde acabam por encontrar presas velhas conhecidas que aqui definhavam há vários éons e de cuja prisão as fomos libertar.

Benvindas sejais na nossa nave que cruza espaço e tempo como Argos cruza água e rochas. Para a navegar completa agora a tripulação, as velas simbólicas desta nave erguem-se para o destino final que nos aguarda. "O centro de todo o Universo aguarda-nos" vocifera o capitão Francisco da ponte desta nave, utilizando os seus óculos que lhe conferem uma visão milhares de vezes mais apurada que a mais real das águias e indicando o caminho entre as estrelas. A primeira imediata Filipa, inicia um toque de tambor que faz com que as engrenagens humanas, mecânicas e espirituais se mexam lentamente, lentamente, mas cada vez com mais determinação em direcção ao horizonte. Manobrando as velas da nave, a valorosa marinheira dos céus Paulinha responde, fazendo a velocidade aumentar. Catarina, saída da época de todas as revoluções demonstra iniciativa a matar a sede aos remadores trazendo a ambrósia pura directamente das torneiras celestiais. O cartógrafo André, meu parceiro neste crime interestelar, sempre atento à boa navegação ajuda o capitão da nave desenhando os mapas que guiarão outros viajantes no tempo que se seguirão. E sabemos desde cedo que a viagem será segura porque Rui, o capelão da nave, obteve o favor dos deuses da navegação. Resta um lugar nestra tripulação intemporal preenchido por mim que cego pelo desejo de acompanhar estes marinheiros das estrelas rabisco em materiais diversos as aventuras que passámos juntos.

Tudo ficou registado desde o encontro com as noivas que atraíam os homens para depois os sacrificar em nome de um qualquer deus antigo, às lutas com a raça nómada vestida de preto que viaja sempre em grandes grupos, passando pelo encontro com o cíclope Manuel, do qual apenas escapámos enganando-o com o nosso produto que o deitou num sono eterno do qual só poderá ser acordado quando os astros estiverem alinhados em perfeita comunhão. Como o tempo é traiçoeiro, não deixando a memória durar e o espaço é restrito não deixando o viajante movimentar fica assim registada, esta viagem, apenas enquanto a viagem durar.





























































































































































































































































Texto de João Martinho (Mc)

1 comentário:

andria disse...

Axo que o sa conseguiu finalmente exteriorizar o seu verdadeiro EU!